O Palavrão
1 – Como você define o palavrão? Um eco das cavernas, o rosnar do troglodita que ainda existe no comportamento humano. 2 – Conheço gente civilizada que diz palavrões. Destempero verbal, civilidade superficial. 3 – Seria uma educação de fachada? Sim. Não podemos confundir rótulo com conteúdo. É fácil cultivar urbanidade nos bons momentos. Mostramos quem somos quando nos pisam nos calos ou martelamos os dedos. 4 – Não seria razoável considerar que em circunstâncias assim o palavrão é útil, exprimindo indignação ou amenizando a dor? Há quem diga que nessas situações ele é mais eficiente do que uma oração. Só que a oração nos liga ao Céu. O palavrão nos coloca à mercê das sombras. 5 – Mas o que vale não é o sentimento, expresso na inflexão de voz? Posso fazer carinho com um palavrão ou agredir com palavras carinhosas. Não me parece do bom gosto demonstrar carinho com palavrões. Imagine-se dando uma paulada carinhosa em alguém. Além disso, há o problema vibratório. 6 – As palavra